Editorial

A liberdade de imprensa precisa ser cultivada

A liberdade de imprensa é uma daquelas que sempre está por um fio. Sabe-se que é só uma notícia desagradar, principalmente quem está acostumado a ter puxa-sacos, que a primeira ação é tentar minar o trabalho de um repórter ou um veículo. São incontáveis maneiras de fazer este assédio, que vai de uma ofensa, um dedo em riste, um constrangimento, passando pela clara e descarada censura, até maneiras um tanto sutis, como o assédio judicial. Este último, porém, depois de tanto tempo, finalmente foi levado em consideração como uma ameaça real, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Com o reconhecimento, um pequeno alívio. Um ato comum é processar jornais ou jornalistas em massa, em uma tentativa de, em um português bem simples, embaralhar a vida da defesa. Há casos, principalmente em veículos de maior porte, de diversas ações espalhadas pelo Brasil, nas quais o jornalista e seus advogados precisam deslocar-se por dezenas de comarcas a fim de se defender. Agora, este tipo de ação ficará centralizada na cidade em que o processado está.

Cabe lembrar que jornais e jornalistas, de qualquer forma, podem e devem também arcar com o que publicam. Ninguém está acima do bem e do mal, muito menos da Justiça. O fato é que são muitos os gestos que passam pela tentativa de atrapalhar o trabalho jornalístico e o judiciário e as leis são usados como instrumento neste processo.

Fora isso, ainda há muitos avanços a serem feitos. Seguem havendo figuras minúsculas que usam de outras artimanhas para tentar frear, atrapalhar ou constranger o trabalho da imprensa. No entanto, mal sabem eles que isso pode funcionar também de combustível para os profissionais. Infelizmente, não é algo raro sequer na nossa cidade. Só nas últimas três semanas, em três casos pessoas da Redação do DP foram constrangidas em um ou outro momento, incluindo um caso de tentativa de assédio judicial e ofensas verbais. Não vale a pena entrar nessas minúcias e dar repercussão a quem pouca ou nenhuma relevância tem. Faz parte da lida, mas serve também de alerta de que a ameaça antidemocrática ao trabalho da imprensa livre está sempre à espreita.

Liberdades, em geral, são como plantas sensíveis que precisam de cultivo diário. Se por algum tempo esquecermos disso, elas morrem muito rapidamente. É preciso estar sempre de olho. ​

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